FísicosLX

quinta-feira, setembro 30, 2004

Relógios de Sol (X)

Relógio de Sol (X)
Relógio de Sol em Gosport (Reino Unido)

quarta-feira, setembro 29, 2004

Laboratório Europeu de Física de Partículas Celebra 50 Anos

Parabéns ao CERN!

terça-feira, setembro 28, 2004

Portugal pode perder a face no maior laboratório de física de partículas

Depois do ESO, agora a falta de pagamento das quotas anuais é no CERN - que amanhã comemora 50 anos com a iluminação do anel do LHC.

segunda-feira, setembro 27, 2004

Relógios de Sol (IX)


Relógio lunar

Relógios de Sol (VIII)


Relógio de Sol portátil de marfim
(Leonhart Miller, 1635)

domingo, setembro 26, 2004

Licenciaturas vão passar a ter duração de três anos

Conformidade com a declaração de Bolonha começa já em 2005/2006

Relógios de Sol (VII)

Relógio de Sol Equatorial
Relógio de Sol equatorial. Tem escrito: "for winter read this side".

Relógios de Sol (VI)

Relógio de Sol horizontal
Relógio de Sol horizontal

Duas notícias

Investigadora portuguesa apresenta novo laser de raios-X

Radioactivity gets fast-forward
(podia ser útil para eliminar mais rapidamente lixo radioactivo, mas ainda não é suficiente)

sábado, setembro 25, 2004

Carpe diem

câmara de bolhas
Muito pode acontecer... em poucos milésimos de milionésimo de segundo. Esta fotografia de uma câmara de bolhas mostra a trajectória de um positrão, entre A e B, até à sua aniquilação em B com um electrão. Permite confirmar que a massa do positrão é igual à do electrão. (Fonte: Fermilab. Via CERN.)

Relógios de Sol (V)

Relógio de Sol cúbico
Relógio de Sol cúbico

Relógios de Sol (IV)

Relógio de Sol equatorial esférico
Relógio de Sol esférico
projectado por Thomas Jefferson

Relógios de Sol (III)

Relógio de Sol equatorial de jardim
Relógio de Sol equatorial de jardim (alguém quer encomendar?)

Nota: para relógios de Sol sem correcção do analema, há três parcelas cuja soma dá a diferença entre a hora indicada pelo relógio de Sol e a hora legal:

a) o ajuste sazonal da hora ("hora de Verão");

b) a diferença entre a longitude do lugar do relógio de Sol e a do meridiano para o qual a hora legal é igual à hora solar, descontando as diferenças dadas pelas alíneas a e c (quinze graus de longitude correspondem a uma hora);

c) a "equação do tempo" que dá os atrasos ou adiantamentos de um relógio de Sol que não tenha correcção para o analema.

Equação do tempo
Equação do tempo (minutos a subtrair algebricamente ao tempo dado pelo relógio de Sol)

sexta-feira, setembro 24, 2004

Relógios de Sol (II)

Relógio de Sol equatorial
Relógio de Sol equatorial

Relógios de Sol

Relógio de Sol analemático
Relógio de Sol analemático

quarta-feira, setembro 22, 2004

Sobre a colocação de professores

Uma discussão no Gildot, e em particular este comentário, sobre ligações técnicas e políticas.

terça-feira, setembro 21, 2004

Mão com esfera reflectora

Hand with Reflecting Sphere
M.C. Escher

segunda-feira, setembro 20, 2004

La ballade de la mer salée


Hugo Pratt

domingo, setembro 19, 2004

Thomas Edison

Réplica da lâmpada de incandescência de Edison, com a patente #223898


Esta entrada ia intitular-se "Elogio da persistência" e ia começar mais ou menos assim: "Para conseguir a primeira lâmpada de incandescência, Edison teve que experimentar mais de mil materiais antes de chegar ao tungsténio." Era o que eu pensava. Afinal, nem Edison inventou a lâmpada de incandescência, nem foi o primeiro a usar o tungsténio, nem fez as suas experiências sozinho, nem o fez recorrendo apenas ao próprio bolso. A entrada podia, nesta fase, ficar com o título "A desconstrução de um mito". Mas depois lembrei-me que, afinal, foi ele quem ficou com os louros. E com os dólares. Edison teve, portanto, que ter mérito como conhecedor do que tinha sido feito antes dele, como investigador, como negociador, como investidor em patentes e, talvez o mais importante, como comunicador das suas descobertas.

Cartaz com anúncio à lâmpada de incadescência de Edison

Flores silvestres de Lisboa (Primavera de 2004)

Para dias de exílio com travo amargo.

TerràVista


O TerràVista deixa amanhã, 20 de Setembro de 2004, de alojar páginas pessoais. Depois desta data deixa também de ser possível recuperar os conteúdos lá alojados.

Ao que parece, agora o TerràVista especializou-se em fóruns e em "encontros". Não sei. No processo de sucessivas trocas de dono, perdeu-se o património inicial de um projecto por onde passou a liberdade de expressão em português, muito antes dos blogues. Lá vi páginas com enormes fragmentos da obra de Pessoa, revistas literárias, páginas de juntas de freguesia, páginas de associações sem sede. (Pornografia? Cada um tem a que quer.)

Já havia o Geocities, entre muitos outros, mas era em inglês (o que fazia diferença para muito boa gente) e implicava tráfegos internacionais. Continua a haver o Sapo e o Clix, e outros, também com "pop-ups" ou outro tipo de publicidade, claro.

Continua a ser preciso navegar.

sábado, setembro 18, 2004

L'Empire des Lumières

L'Empire des Lumières
René Magritte

terça-feira, setembro 14, 2004

Mais infinito

Poema do silêncio


Sim, foi por mim que gritei,
Declamei,
Atirei frases em volta.
Cego de angústia e de revolta.

Foi em meu nome que fiz
A carvão, a sangue, a giz,
Sátiras e epigramas nas paredes
Que eu não vi serem necessárias e vós vedes.

Foi quando compreendi
Que nada me dariam do infinito que pedi,
Que ergui mais alto o meu grito,
E pedi mais infinito!

Eu, o meu eu rico de vícios e grandezas,
Foi a razão das épi-trági-cómicas empresas
Que, sem rumo,
Alevantei com ironia, sonho, e fumo...

O que eu buscava
Era, como qualquer, ter o que desejava.
Febre de Mais, ânsias de Altura e Abismo
Tinham raízes banalíssimas de egoísmo.

E só por me ter vedado
Sair deste meu ser pequeno e condenado,
Erigi contra os céus o meu imenso Engano,
De tentar o ultra-humano, eu que sou tão humano!

Senhor meu Deus em que não creio!
Nu a teus pés abro o meu seio:
Procurei fugir de mim,
Mas eu bem sei que sou o meu único fim.

Sofro, assim, pelo que sou,
Sofro por este chão que aos pés se me pegou,
Sofro por não poder fugir,
Sofro por ter prazer em me acusar e em me exibir!

Senhor meu Deus em que não creio porque és minha criação!
(Deus, para mim, sou eu - sou eu chegado à perfeição...)
Senhor! dá-me o poder de estar calado,
Imóvel, manietado, iluminado!

Se os gestos e as palavras que sonhei,
Nunca os usei nem usarei,
Se nada do que eu levo a efeito vale,
Que eu me não mova! que eu não fale!

Também sei bem que embora trabalhando só por mim,
Era por um de nós. E assim,
Neste meu vão assalto a nem sei que felicidade,
Lutava um homem pela humanidade.

Mas o meu sonho megalómano é maior
Que a própria dor
De compreender como é supremamente egoísta
A minha máxima conquista!

Senhor! que nunca mais meus versos sôfregos e impuros
Me rasguem, e meus lábios cerrarão como dois muros,
E o meu silêncio, como incenso, atingir-te-á,
E sobre mim de novo descerá...

Sim, descerá da tua mão compadecida,
Meu Deus em que não creio! e porá fim à minha vida:
E uma terra sem flor e uma pedra sem nome
Saciarão a minha fome!


José Régio, Presença nº4

segunda-feira, setembro 13, 2004

Ver para crer



A vermelho, um "companheiro candidato a planeta gigante" da anã castanha 2M1207, que se encontra no centro da imagem. A anã castanha tem uma massa que é cerca de 25 massas de Júpiter, enquanto que o planeta tem aproximadamente 5 massas de Júpiter.

Esta pode ser a primeira fotografia de um exoplaneta. (Um candidato de há alguns meses não confirmou as expectativas.)

Analema

Analema


Ao procurar aprender como se faz um relógio de Sol (há bastantes "receitas" na internet), aparecem duas palavras curiosas. Uma é "gnómon", a peça do relógio cuja sombra indica a hora. A outra é "analema", a figura que o Sol faz no céu ao longo do ano à mesma hora do dia de um relógio convencional, fora a correcção da hora de Verão. A montagem fotográfica de cima mostra um.

A "dança" na direcção norte-sul, ao longo do ano, deve-se à inclinação do eixo da Terra relativamente à eclíptica, o plano em que se dá o movimento de translação da Terra em torno do Sol. Por sua vez, o deslocamento na direcção este-oeste deve-se às diferenças de velocidade da translação da Terra em torno do Sol, ao longo do ano, devidas à primeira e à segunda lei de Kepler.

(continua)

Revista de imprensa

Portugal vai ter estação de controlo de lançamento de satélites

Galileu: Inércia portuguesa pode levar a perdas avultadas, alerta especialista

Japão: Novo robô andróide capaz de reconhecer pessoas e fazer de guia

domingo, setembro 12, 2004

Civilização



Na "História da Hora - Os Relógios e a Ordem Temporal Moderna", de Gerhard Dohrn-van Rossum (Temas e Debates) - um livro um pouco fastidioso - percebe-se que os relógios públicos das cidades europeias foram, desde o fim da Idade Média, um sinal de riqueza e de civilização dessas cidades, comprados muitas vezes com o esforço de toda uma comunidade. E hoje, percorrendo a Europa, pode ver-se que esses relógios antigos são "ex-libris" de muitos locais. Mas em Portugal, e em Lisboa em particular, é facílimo encontrar relógios de torre que não funcionam. É o que acontece com o relógio da fotografia, o relógio da Sé de Lisboa.

sábado, setembro 11, 2004

Aquele que conhece a lei da natureza

XXIV

Quem se ergue nas pontas dos pés
não ficará muito tempo de pé.
Quem dá grandes passadas
não irá muito longe.
Quem se exibe não brilhará.
Quem se afirma não se imporá.
Quem se glorifica não verá reconhecido o seu mérito.
Quem se exalta a si próprio não será um chefe.

Estas atitudes são para o Tao
como os restos da comida e os tumores
que repugnam a todos.

Aquele que conhece a lei da natureza
não construirá assim a sua vida.

*

XXV

Havia qualquer coisa de indeterminado
antes do nascimento do universo.
Esta qualquer coisa é silenciosa e vazia.
É independente e inalterável.
Circula por toda a parte sem nunca se fatigar.
Deve ser a Mãe do universo.

Como não conheço o seu nome
chamo-lhe «Tao».
Esforço-me por chamar-lhe «grandeza».
A grandeza implica extensão.
A extensão implica afastamento.
O afastamento exige retorno.

O Tao é grande.
O céu é grande.
A terra é grande.
O homem é grande.
Eis porque o homem é um dos quatro grandes do mundo.

O homem imita a terra.
A terra imita o céu.
O céu imita o Tao.
O Tao é o único modelo de si próprio.

*

XXX

Aquele que se refere ao Tao como mestre dos homens
não subjuga o mundo pelas armas,
porque esta forma de agir arrasta habitualmente uma réplica.
Onde acampam exércitos crescem espinhos e cardos.

Assim, o homem de bem contenta-se em ser resoluto
sem usar a sua força.
Seja ele resoluto sem orgulho
seja ele resoluto sem excesso
Seja ele resoluto sem ostentação
Seja ele resoluto por necessidade.
É neste sentido que ele é resoluto,
sem se impor pela força.

*

XXXI

As armas são instrumentos nefastos
e a todos repugnam.
Aquele que compreende o Tao não as escolhe.

O lugar de honra é à esquerda
quando o nobre está em sua casa;
é à direita
quando está em guerra.

As armas são instrumentos nefastos,
não são instrumentos próprios de um nobre.
Este só as utiliza por necessidade,
porque honra a paz e a tranquilidade
e não exulta com a sua vitória.

Aquele que exulta com a sua vitória
Tem prazer em matar os homens.
Aquele que tem prazer em matar os homens
nunca poderá realizar o seu ideal no mundo.

Nos acontecimentos felizes, o lugar de honra é à esquerda.
Nos acontecimentos nefastos é à direita.
O general adjunto ocupa a esquerda
o general em chefe ocupa a direita.
Isto significa que estão colocados segundo os ritos fúnebres.
O massacre dos homens, convém chorá-lo
com desgosto e tristeza.
A vitória numa batalha deve ser acolhida
segundo os ritos fúnebres.

("Tao Te King" ["Livro da Via e da Virtude"], Lao Tse [séc. VI a.C.], Editorial Estampa, 2000)

sexta-feira, setembro 10, 2004

1 nanómetro = 10-9 metros

Nano-flor Nano-whispering gallery

Nano-flor e nano-galeria "acústica" (uma "whispering gallery" óptica, neste caso). Fazem parte de uma colecção em crescimento de miniaturinhas com muito potencial.

Até já há a "Nanopicture of the day"...

As ciências sociais no "ranking" das universidades

"Why do institutions specialized in social sciences have lower ranks?

We tried really hard but were not successful in finding special criteria and internationally comparable data for social sciences and humanities. Many well-known institutions specialized in humanities and social sciences are missing from our list, or their ranks are relatively low.
In our ranking of 2004, the indicator of N&S
[artigos nas revistas Nature e Science] is not considered for institutions specialized in humanities and social sciences such as London School of Economics, its weight is relocated to other indicators.

Nevertheless, if a university specialized in social sciences and humanities had Nobel Laureates in economics and Highly Cited Researchers in social sciences, it should have good standing in our academic ranking.
"

(FAQ)

Academic Ranking of World Universities 2004

Na seriação por países do "Academic Ranking of World Universities 2004" (Institute of Higher Education, Shanghai Jiao Tong University), Portugal surge na 35ª posição. É assim tão desonroso?

A este propósito, gostaria que essas vozes sobranceiras que nestas alturas costumam surgir do alto da sua magestade para o "bota-abaixismo" pensassem, antes de se pronunciarem, se não têm também telhados de vidro.

Em vez da atitude derrotista, gostaria de ver reconhecidos os investigadores vivos que contribuiram para que a Universidade de Lisboa estivesse entre as 500 melhores do mundo, e uma reflexão construtiva sobre como contribuir, individual e colectivamente, para que a classificação de todas as universidades portuguesas seja melhor no futuro.

quinta-feira, setembro 09, 2004

Whispering Galleries

"In rooms whose ceilings are elliptical, a sound made at one focus of the ellipse will be reflected to the other focus (across the room), allowing people standing at the two foci to hear one another very clearly. This has been called the 'whispering gallery' effect and has been used by many in the design of special rooms. In particular, St. Paul's Cathedral and one of the rooms at the United States Capitol were built with this in mind."
(James A. Sellers)

Catedral de São Paulo. Clique para ver imagem maior.
Catedral de São Paulo

Os Novos Descobrimentos - Mais Barcos, Mais Partidas, Mais Chegadas

José Pacheco Pereira, hoje, no Público.

Físicos Debatem Ficção Científica

"Vivemos na era da ficção tecnológica, e é cientificamente possível viajar para o futuro, disseram os cientistas que deram palestras no IST" (hoje, no Público).

quarta-feira, setembro 08, 2004

Pára-quedas falharam

Cápsula da missão Genesis despenha-se no deserto do Utah

O sonho, tangível


Dédalo e Ícaro

Hoje, se tudo correr bem. Há acompanhamento em tempo real, aqui.

terça-feira, setembro 07, 2004

Sons de pulsares

Aqui, no "site" de Jodrell Bank. (Mais informação sobre pulsares aqui.)

segunda-feira, setembro 06, 2004

O sinal mais interessante do SETI

Arecibo
Arecibo

A New Scientist deu há dias a notícia da detecção do sinal mais interessante do projecto SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence) até agora. Entretanto, no "site" do projecto, a notícia é desvalorizada.

Antenna

I'm the Antenna
Catching vibration
You're the transmitter
Give information!
Wir richten Antennen ins Firmament
(We are aiming antenna to the sky)
Empfangen die Tone die Niemand kennt
(Receiving tones no one knows)
I'm the transmitter
I give information
You're the antenna
Catching vibration
Es Strahlen die Sender Bild, Ton und Wort
(The transmitters send image, sound and speech)
Elektromagnetisch an jeden Ort
(Electromagnetically to every town)

I'm the Antenna
Catching vibration
You're the transmitter
Give information!
Radio Sender und Horer sind wir
(We're radio transmitters and receivers)
Spielen im Ather das Wellenklavier
(Playing the waves-keyboard in the Ether)
I'm the antenna catching vibration
You're the transmitter give information
I'm the transmitter I give information
You're the antenna catching vibration

(Kraftwerk)

Fonte: Lyrics Cafe. Via 137.

Cor

Kandinsky - Autumn in Bavaria. Clique para ver imagem no tamanho original
("Autumn in Bavaria", Kandinsky)

domingo, setembro 05, 2004

Método científico vs. fundamentalismo

"Testing, testing..." - artigo de Umberto Eco, no The Guardian de ontem.

Koshab

nocturlábio em selo


"Numa fase mais adiantada da navegação astronómica, recorreu-se à chamada roda da Polar, já utilizada pelo maiorquino Raimundo Lúlio (1233 ou 35-1315), quando, no fim do século XIII, descreveu o instrumento a que chamou astrolabii nocturni, mas que ficou conhecido por nocturlábio. Este instrumento, de que chegaram exemplares até aos nossos dias, foi o relógio nocturno, durante séculos. A sua leitura baseava-se no movimento de rotação da Ursa Menor (ou da Maior) à volta do pólo celeste, fenómeno a que já aludimos. Adaptada pelos Portugueses, a roda da Polar permitia, em qualquer lugar do hemisfério setentrional, saber a altura daquela estrela em Lisboa (todas as rodas que se conhecem são referidas a esta cidade), em função da guarda dianteira da constelação a que pertence. Deste modo, o observador podia fazer pontaria à Polar, quando mais lhe conviesse e sem que lhe fosse imposto um determinado momento.

Koshab
Para os pilotos dos Descobrimentos, a Estrela Polar descrevia uma circunferência com o raio de 3º.5.

Apresenta-se a roda das alturas da Polar publicada por Valentim Fernandes, em 1518, no seu Reportório dos Tempos. A figura, representando um homem de braços abertos, indicava a altura da Polar em Lisboa, conforme a posição da estrela b (Koshab), que é a guarda dianteira da Ursa Menor: cabeça ou pés, quando o rumo definido por ela era N ou S, braço esquerdo ou direito, para o rumo E ou W, assim como os rumos intercardeais que eram designados por ombro esquerdo (NE), linha acima do pé (SE), linha abaixo do braço direito (SW) e ombro direito (NW). O piloto dispunha de oito oportunidades para medir a altura da Polar (na realidade, só as que tinham lugar e eram visíveis durante a noite) e avaliar o caminho percorrido Norte-Sul.

Roda das alturas do Norte em Lisboa
Roda das alturas do Norte em Lisboa, in Reportório dos Tempos de Valentim Fernandes, 1518. Fundação da Casa de Bragança, Vila Viçosa.

Para o efeito fazia a diferença em graus e suas fracções, entre a altura em Lisboa, indicada na roda, e a altura observada, que multiplicava por 16 2/3 léguas (ou 17 1/2, como veio a ser usado), assim calculando a distância contada a partir daquela cidade." [Este método de navegação é também chamado Regimento do Norte.]

("Medir Estrelas", António Estácio dos Reis, CTT Correios de Portugal, 1997)

Mais uma vénia ao Comandante Estácio dos Reis, por este livro lindíssimo.

Está escrito

que as células humanas só se dividem um número limitado de vezes. (Excepto, claro, as de Henrietta Lacks, que são imortais.)

Thank you, merci, gracias

Aos blogs que se referiram ao FísicosLX: Adufe, Blogo Social Português, Aviz, Como se fosse uma baleia..., Cravo e Canela, Atmosfera, O Blog do Alex, Desesperada Esperança e A vida dos meus dias.

E aos leitores que deixaram comentários por aqui, alguns bem interessantes.

Elogio da curiosidade

Foi graças à curiosidade de uma criança que descobri o que acontece ao pôr no congelador uma mistura de 50% de água e 50% de álcool (em volume). Congela ou não congela?

Dados: os pontos de fusão da água e do álcool etílico são, respectivamente, 0ºC e -117,3ºC (medidos à pressão atmosférica normal).

sexta-feira, setembro 03, 2004

A imperfeição da memória

No estado actual da tecnologia, podem registar-se quantidades imensas de texto, imagem, som, vídeo e conteúdos multimédia, em suporte digital.

Mas ainda não é possível registar a terceira dimensão de todos os quadros de van Gogh. Nem os sonhos irrepetíveis contidos nas redes neuronais de uma criança morta na Ossétia do Norte, hoje.

Starry Night over the Rhone

Starry Night over the Rhone
(Vincent van Gogh, Arles, 1888)

quinta-feira, setembro 02, 2004

B.E.M.

A pessoa mais ilustre (classificação naturalmente subjectiva) com que tive oportunidade de ter um "tête-à-tête" foi a Professora Branca Edmée Marques, que foi aluna de doutoramento de Marie Curie. Na altura, eu tinha uns quinze anos, enquanto que ela tinha sido jubilada havia anos. Já estava em franca decadência intelectual, mas, mesmo assim, vi-me muito atrapalhada perante a honra. Só me consigo lembrar de ela me ter perguntado, porque lhe tinham dito que eu tinha boas notas, se queria ser professora. Com o preconceito em voga na altura, de que ser professor é "aturar os filhos dos outros" (na altura, era este o tamanho do preconceito), respondi que não.

Anos mais tarde, inesperadamente, ouvi um professor universitário referir-se à Professora Branca, de quem tinha sido aluno, a propósito de uma sua idiossincrasia: ela costumava preencher os quadros de um anfiteatro da Escola Politécnica na aula das oito da manhã, e depois deixava-o já escrito para a aula das nove, com outra turma mas com a mesma matéria. Depois, a referência obrigatória a Madame Curie. Finalmente, um "era uma boa professora". (Era um bom professor.)

Branca Edmée Marques está entre os cientistas e professores seleccionados para o livro comemorativo dos 90 anos da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa ("Memórias de Professores Cientistas. Os 90 anos da FCUL, 1911-2001", Ana Simões, ed., 2001, FCUL, Lisboa). Faz parte da História. Pude mesmo ajudar uma estudante de doutoramento norueguesa que procurava informações sobre ela para a sua tese.

Quis um acaso que, depois da sua morte, me tivesse vindo parar às mãos um objecto pessoal da Professora. Tinha as suas iniciais escritas. (Às vezes, gostaria de acreditar em augúrios.)


 

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